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PARAGUAI QUER COMPARTILHAR ÁGUAS DO RIO PARANÁ

Didier Olmedo, vice-ministro de Relações Econômicas e Integração do Ministério das Relações Exteriores, durante entrevista coletiva abordou várias questões cruciais que envolvem econômica com seus vizinhos e no exterior. Uma linha de produção de suprimentos médicos no Mercosul; o uso equitativo das águas do rio Paraná e as informações falsas sobre a requisição de respiradores pelo Brasil foram os pontos destacados pelo diplomata especialista em economia e integração.

O Paraguai tem algumas observações sobre as variações nos níveis dos reservatórios brasileiros, ou seja, na capacidade de armazenamento de algumas barragens a montante de Itaipu. Algumas das barragens brasileiras são apenas de trânsito, não têm reservatórios, afirmou o vice-ministro. "Essa água é distribuída a todos" é a posição paraguaia, informou Olmedo.

“A falta de chuva é um fator natural; mas também há uma espécie de reversão, na bacia superior do rio Paraná. O Brasil possui mais de 50 projetos hidrelétricos no Paraná, Paranapaíba, Grande, Paranápaema e Tietê. Portanto, há uma importante intervenção no curso desses rios”, afirmou o vice-ministro.

"Uma crise hídrica foi declarada no rio Paraná. Segundo os registros que temos de que em 1944 foi o ano mais baixo, hoje não estamos longe desse mínimo histórico", afirmou o diplomata. Isso afeta diretamente o comércio de importação e exportação, e o Paraguai está trabalhando para alcançar os fluxos mínimos para a saída de nossos produtos, assegurou. "Itaipu não pode desistir dessa água, porque precisa manter um nível para desenvolver energia. Pedimos ao Brasil o uso equitativo do rio Paraná, para compartilhar as águas para resolver o problema de navegação a jusante da barragem de Yacyretá. Com a Argentina, o Brasil chegou a um entendimento de modular a vazão do rio Iguaçu ", disse Olmedo, enquanto sugeria a complexidade da situação.

"Existe uma dependência muito grande, porque na distribuição do trabalho no mundo, a produção desses produtos foi deixada para a China Continental", afirmou o vice-ministro. Na reunião dos coordenadores nacionais do Mercosul, ele indicou que eles insistiam na idéia de integração produtiva e criação de cadeias produtivas para produzir os insumos mais básicos, começando pelas máscaras, mesmo aquelas que envolvem mais tecnologia.

“Existe uma capacidade no setor metal-mecânico e automotivo de modificar alguns de seus processos e produzir respiradores e ventiladores. Grandes empresas automotivas estrangeiras anunciaram que certas partes de seus processos seriam destinadas à produção de equipamentos médicos ”, afirmou ele na época em que expressou a estratégia de que o Mercosul adotasse medidas semelhantes.

Desenvolver ativos regionais e consolidar a complementaridade para a produção de suprimentos médicos é a iniciativa que o Paraguai instala no bloco, afirmou.


Sobre respiradores "chineses"

"Esses respiradores eram brasileiros, produzidos pela empresa Magnamec em São Paulo, e a empresa importadora era a empresa Falcon, da Trovatto CISA, e o comprador era o Ministério da Saúde Pública e Bem-Estar Social", afirmou o vice-ministro. “A recusa em conceder a licença de exportação é baseada na lei. Aqui, a questão é moral ", disse ele. "Essa operação foi cancelada, pois a" Licença Especial para exportação de produtos ou combate ao COVID-19 "não havia sido emitida e a empresa devolveu o valor pago à empresa envolvida. Sobre isso, há uma confusão, é preciso entender que o Brasil possui a lei 13979, que permite requisitar a produção nacional por meio de um pagamento justo diante da crise ", afirmou Olmedo.

Olmedo explicou que essas regras estão alinhadas com os regulamentos da Organização Mundial do Comércio (OMC), permitindo essas buscas desde que seja um problema que afete todos os países e proteja a vida dos seres humanos. O Paraguai tomou medidas semelhantes.

 

O Paraguai não desiste da ideia de continuar tendo acesso à importação desses produtos brasileiros, afirmou o vice-ministro