Na Mesquita Omar Ibn Al-Khattab em Foz do Iguaçu, as orações de Sheikh Oussama El Zahed são transmitidas pelas mídias sóciais.
Este ano, o mês sagrado do Ramadã, que começa nesta sexta-feira, 24, na maioria dos países árabes, será bem diferente. Pela primeira vez na história, os muçulmanos não poderão fazer suas preces nas mesquitas, uma das maiores tradições dos 30 dias dedicados ao jejum e a práticas espirituais que são destinadas a aproximar os fiéis do profeta Maomé, o fundador da religião islâmica.
O Ramadã é comemorado durante as quatro semanas em que os versos sagrados do Alcorão teriam sido revelados ao profeta, na Arábia Saudita. A data do início e do fim do evento religioso é determinada pelo calendário lunar e a chegada da lua crescente. Por isso, pode ter pequenas variações nas diversas regiões do mundo.
Por conta do coronavirus, as duas mesquitas nas cidades de Meca e Medina, consideradas as mais importantes do mundo islâmico, estarão fechadas. No Egito, todas as 100.000 mesquitas do país trancaram as portas. No Cairo, um dos templos islâmicos mais antigos do mundo, o Amr ibn al-As, do século 7º, não poderá receber os fiéis. Em Istambul, na Turquia, a mesquita Hagia Sophia, considerada uma das mais bonitas do mundo, está sendo desinfetada diariamente em uma tentativa de não fechar de vez as portas.
Com a preocupação de manter a imunidade alta em função do coronavírus, alguns médicos estão aconselhando as pessoas a flexibilizar um pouco o jejum. O jantar, chamado de iftar, com a presença de amigos e familiares, também deverá ser bem diferente, já que cada um ficará na sua casa, sem receber visitas. A peregrinação à Meca, um dos cinco pilares sagrados do islamismo, é outra tradição importante que ficará suspensa.
A boa notícia é que o fim do Ramadã deverá coincidir com o relaxamento das restrições do isolamento social. A expectativa é que o Eid al-Fitr, feriado religioso que marca o fim do Ramadã, seja ainda mais especial do que em anos anteriores. Durante o Eid, muitas famílias fazem festas suntuosas em que compartilham as refeições com dezenas de pessoas e dão dinheiro para as crianças. Este ano, deverá representar também a libertação do confinamento e a volta ao convívio social, se tudo der certo.