Gigante de brinquedos abre a primeira unidade fora do Brasil no município de Hernandárias. Perspectiva é ampliar as exportações
Denise Paro
Fotos: Christian Rizzi
Video: Marcelo Arend
A empresa emprega 35 funcionários mas a meta é admitir 150 a 200
Em meados de 1970, uma leva de brasileiros cruzava a fronteira com o Paraguai em busca de terra barata para prosperar na agricultura. Quase quatro décadas depois, o país recebe uma nova onda de imigrantes. Desta vez, eles estão dê olho no mercado exportador e fomentam um boom industrial.
Com uma inflação de 4% e crescimento estimado para este ano de 4,2%, o Paraguai tornou-se chamariz de indústrias. Uma das mais recentes a abrir as portas em solo guarani é a Estrela, gigante de brinquedos no Brasil.
Apostando nas vantagens fiscais de fabricação e exportação no Paraguai previstas no regime da maquila, a Estrela abriu a primeira unidade fora do Brasil em Hernandárias, município vizinho a Ciudad del Este. Inaugurada em 7 de fevereiro deste ano, a fábrica tem uma área de 6.500 metros quadrados e está no início das operações. Atualmente, emprega 35 funcionários, todos paraguaios, mas a meta é admitir 150 a 200 diz o gerente comercial, o brasileiro Marco Antonio Cubas.
O produto carro-chefe da indústria hoje é o Dareway que tem 60% de matéria-prima da Espanha e 40% dos países do Mercosul, conforme prevê a legislação da maquila.
Cubas elenca as vantagens de fabricar brinquedos no Paraguai que inclui desde o preço da energia, 30% a 40% mais em conta que no Brasil, a isenção do imposto de importação e a qualidade da mão de obra. “A mão de obra paraguaia é excelente. O funcionário é muito dedicado e atencioso”, afirma. Ele diz que a Estrela estuda outros 15 tipos de brinquedos para serem lançados na fábrica paraguaia, além do Dareway. Hoje a produção da Estrela é 70% nacional (brasileira). Outros 30% vêm da China.
Outra indústria brasileira que começou a operar no Paraguai é a Riachuelo. Instalada em Assunção desde 2015, a Riachuelo tem 400 funcionários e produção cerca de 300 mil peças de vestuário ao mês. Além de empresas brasileiras, há muitos investimentos chineses e dos próprios paraguaios.
Chamariz industrial
O Paraguai concentra hoje cerca de 300 empresas, das quais pelo menos 80 funcionam em regime de maquila, segundo o Centro Empresarial Brasil-Paraguai (Braspar). Regulamentada no ano 2000, a Lei da Maquila permite a qualquer indústria exportar sem pagar impostos sobre a compra de matéria prima e com isenção do imposto de renda.
O regime da maquila possibilita a importação de peças e componentes estrangeiros para que os produtos sejam montados no Paraguai e depois exportados. No Paraguai há maquiladoras nos mais diversos setores entre confecções, autopeças e fábricas de plásticos.
Presidente da União Industrial Paraguaia (UIP), regional Alto Paraná, Benicio Aguilera diz que a entrada de empresas estrangeiras no país é bem vista principalmente por empregar a mão de obra paraguaia. Na avaliação de Aguilera, o Paraguai passa por um bom momento econômico e para facilitar os investimentos o governo tem feito obras de melhorias na infraestrutura e de rodovias. “Nunca o Paraguai foi tão bem visto a nível internacional”, diz.
O setor está em crescimento. Em 2016, as maquiladoras paraguaias exportaram mais de US$ 313 milhões. Em 2015 foram US$ 284 milhões.
Saiba mais sobre a Lei da Maquila
A Lei 1.064/97 chamada Lei de Maquila, foi promulgada pelo Decreto 9.585/2000
As indústrias são instaladas no Paraguai com isenção de impostos para importação de máquinas e matéria-prima.
Toda matéria-prima e insumos têm isenção de imposto, mas os produtos derivados precisam ser reexportados em um prazo de até 2 anos. Até 10% da produção pode ser vendida no mercado paraguaio.
O imposto incidente é de 1% sobre a produção.