Agricultores fizeram vigília hoje na Colônia Naranjito, a 150 quilômetros de Foz do Iguaçu. Nesta quinta-feira, eles prometem fechar ruas de Assunção
Denise Paro
Produtores rurais deflagraram hoje no Paraguai uma mobilização em protesto contra um projeto que prevê a criação de um imposto de 15% sobre a exportação de soja e grãos no país. A proposta será votada nesta quinta, dia 22, no Senado e se for aprovada terá impacto em toda economia do país, segundo os agricultores.
Hoje, os manifestantes concentram-se na Colônia Naranjito, situado a 150 quilômetros de Foz do Iguaçu. Eles fizeram vigílias e circularam com caminhões e tratores pelas rodovias. Uma caravana segue rumo à Assunção para pressionar os senadores na votação de amanhã. Os agricultores prometem circular pelas principais avenidas e Assunção e fechar ruas. Eles dizem que o protesto será o maior já realizado no país.
Mobilização tomou rodovias do país. Foto: Divulgação agricultores
Os agricultores, muitos deles brasiguaios, brasileiros radicados no Paraguai, sustentam que se a proposta for aprovada, haverá um grande impacto na economia do país. “Hoje pagamos 10% de imposto sobre toda compra e 5% na venda de grãos. O imposto que eles querem deixaria a agricultura inviável no Paraguai”, diz o brasileiro Márcio Mattei que vive no município de Santa Rosa del Monday. Para Mattei, se o imposto for aprovado não será mais possível plantar soja, milho e trigo no Paraguai.
Em entrevista concedida ao jornal ABC Color, o presidente do Conselho de Administração da Federação de Cooperativas de Produção, Edwim Reimer, diz que 50% dos impostos que vão para os cofres do Estado têm origem no setor de agronegócios. Se a produção de grãos diminuir, o impacto será direto, argumenta.
Apesar de ter sido proposto pela Frente Guasu, partido liderado pelo ex-presidente Fernando Lugo, o projeto tem apoio de governistas e causa polêmica no Paraguai. Os produtores rurais sustentam que o custo do tributo é alto, principalmente para os pequenos, mas os defensores do projeto argumentam que o valor pago hoje pelos produtores rurais é baixo em relação ao rendimento deles.