Os defensivos agrícolas contrabandeados do Paraguai chegam a ter índice de concentração 600% superior ao percentual permitido pelas autoridades sanitárias para aplicação no Brasil. O mercado ilegal de agroquímicos responde, atualmente, por cerca de 24% do total utilizado nas lavouras brasileiras e tem se tornado um dos mais expressivos vieses do contrabando que entra no País via Paraguai e o Uruguai.
As informações são do diagnóstico ‘O Contrabando de Defensivos Agrícolas no Brasil’, o mais recente levantamento realizado pelo Instituto de Desenvolvimento Econômico e Social de Fronteiras (IDESF). O estudo inédito será lançado durante o VI Seminário Fronteiras do Brasil, evento que acontece nesta quinta, sexta e sábado (21 a 23.11), no auditório da Polícia Federal de Foz do Iguaçu (PR).
O trabalho de pesquisa teve como foco descortinar o ‘modus operandi’ das quadrilhas formadas a partir deste ilícito, as quais vendem e distribuem os produtos contrabandeados para todas as áreas agrícolas brasileiras. Realizado a partir da coleta de dados de órgãos oficiais, entrevistas com agentes públicos de segurança e investigações nos países vizinhos, o estudo apontou que as rotas se propagam a partir das fronteiras e que as quadrilhas se utilizam da diversidade logística para fazer com que o produto chegue ao destino final.
Segundo o diagnóstico, as ações dos agentes de segurança brasileiros mostram que os pontos de passagem do contrabando se estendem a partir do Rio Grande do Sul, passando pelo Paraná, Mato Grosso do Sul e, na esteira da expansão agrícola, chegam até Rondônia.
A alta concentração de princípio ativo dos produtos ilegais é o fator que torna essas substâncias atrativas ao mercado brasileiro. Outro aspecto que contribui para o contrabando é a diferença de preço, uma vez que essas substâncias podem ser compradas no Paraguai por 30% – às vezes até menos – em relação ao valor praticado no Brasil.
“Os lucros dos contrabandistas alimentam a lógica econômica deste mercado ilícito. Só que em relação aos agroquímicos ilegais, os prejuízos são muito mais abrangentes do que qualquer outro produto contrabandeado, porque por meio da alimentação, este crime atinge toda a sociedade brasileira”, alerta o presidente do IDESF, Luciano Stremel Barros.