Em Foz do Iguaçu, o futebol agora é programa de mulher. Os jogos da equipe feminina do Foz Cataratas/Coritiba tornaram-se chamariz para famílias
Denise Paro
fotos Christian Rizzi
A ideia de que o futebol é programa para homem ficou no passado. Quando as poderosas do Foz Cataratas/Coritiba entram em campo, a arquibancada é para todas as idades. Mulheres, crianças, avôs, avós, bebês e até pets estão na parada. E a torcida faz a festa em um clima descontraído no futebol tipo, tamanho família.
Nos jogos do Foz Cataratas/Coritiba os números indicam sim, que futebol também é para as mulheres. Nas 3 primeiras partidas do time nesta temporada do Campeonato Brasileiro, 65% dos pagantes eram do público feminino.
A bola em campo não é a única atração do estádio. À disposição, os torcedores e torcedoras têm uma praça de alimentação a céu aberto com food trucks e um miniparque para as crianças se divertirem. Banheiros limpos e arquibancada bem estruturada deixam todas à vontade.
Parte da turma que puxa a torcida tamanho família para o estádio é das Embaixadoras do Foz. São 25 mulheres, profissionais das mais variadas áreas – psicologia, nutrição, fisioterapia, direito, entre outras - que abraçaram o time. Elas apoiam as jogadoras, ajudam a motivar a equipe e a trazer torcedores para o estádio. “Na primeira partida, no Dia Internacional da Mulher, das 500 pessoas, 350 estavam no jogo. Isso mostra a força de envolver a família. Estamos trazendo um público novo e levando o nome da nossa cidade para o contexto estadual e nacional”, diz uma das embaixadoras do time e empresária, Elizangêla de Paula Khun. O time do Foz é a única equipe paranaense que disputa o Brasileiro.
FOZ CATARATAS E VITÓRIA DA BAHIA. Foto: Christian Rizzi
A professora Leila Alvarenga mora em Foz do Iguaçu há 40 anos e foi assistir uma partida pela primeira vez na vida. Acompanhada dos netos, ela disse ter se sentido à vontade, em um ambiente familiar. “Nunca havia pensando em assistir um jogo de futebol”, conta.
A empresária Maeli Chibiaque Valiati também é outra mulher que estava na plateia em uma das partidas da equipe. Para ela, o significado é mais que especial. O pai, Edilio Chibiaque, junto a Irineu Basso, Vitório Basso e outros amigos, ganharam o terreno da prefeitura para construir o Estádio Pedro Basso, onde as poderosas jogam, mais conhecido por “Flamenguinho”. “Na época era muito jovem e vinha com ele. Acompanhei o plantio das árvores, o preparo para fazer o campo de futebol. Estou muito feliz, fazia 35 anos que não vinha aqui”, diz Maeli.
Em meio à torcida, há também os de carteirinha. Sandra Hay Mussi acompanha há mais de 7 anos os jogos da equipe para ver a filha Katielle Aguilera em campo, atleta da Seleção Brasileira e do Foz Cataratas/Coritiba. Para ela, a participação das embaixadoras está dando resultado. “Elas estão mobilizando os iguaçuenses”, diz.
Vice-presidente do time, o empresário Marcelo Valente diz que foram feitas uma série de adaptações para trazer mais torcedores para o campo. Na temporada passada, as partidas eram disputadas à tarde. A mudança de horário e o novo conceito do futebol enquanto um evento esportivo vem mexendo com os torcedores. “Nem 5% da população vai ao estádio de futebol. A proposta é criar um evento esportivo onde a família possa aparecer”, explica.
O empresário Felipe de Souza, da Massaria Food Truck, faz questão de estar presente em todos os jogos. Ele diz que a receita está dando certo. "Por ser futebol feminino, acaba atraindo as famílias".