Por José Afonso de Oliveira
Pensar em fronteiras remonta aos anos 60, do século passado quando a gente ficava escutando Caetano Veloso cantando É Proibido Proibir. Naquele momento isso tinha um sentido que hoje é muito mais forte, no sentido de que as fronteiras estão mais porosas, permeáveis, abertas, flexíveis, enfim quase não existem mais.
Esse nosso mundo atual globalizado onde o poder da comunicação é imenso, que o diga Manuel Castells pode também ser entendido como uma comunicação sem fronteiras na medida em que acabamos falando o idioma universal do consumo.
Fronteiras construídas, mantidas com grandes exércitos, burocracias enormes de Estado e tudo isso hoje vai se diluindo de uma forma espantosa na exata medida em que interpenetramos nos vários espaços culturais formando uma nova mentalidade em que o viver a vida é aquilo que mais prezados e desejamos.
Para conseguir isso as fronteiras dos vários e infames preconceitos foram ou estão sendo desmobilizadas dando origem a uma nova sociedade onde as regras de um passado recente perderam totalmente o seu valor. Para tanto é só pensar em alguns costumes que hoje não existe mais nenhum sentido na sua manutenção.
Fronteiras culturais invoca, obrigatoriamente, as questões ideológicas que tanto fizeram no mundo, de bem e de mal, mas que agora pouco ou nenhum sentido tem. Defender essa ou aquela ideologia não faz mais o menor sentido pois que estamos em outro mundo não mais fechado e sim aberto, não mais com barreiras mas completa e totalmente voltado para o existir, pura e simplesmente.
Por tudo isso, e muito mais, discutir fronteiras hoje é mesmo um momento muito importante na medida em que estamos, de outra forma construindo outras tantas fronteiras, marcando outros espaços, lutando por outras ideologias que, mesmo velhas, estão agora tentando usar outras roupagens.
Tudo é permitido, tudo deve ser tentado, tudo é possível, mas nem tudo é realizável, já que a grande contradição existente diz respeito ao fim das fronteiras, mas também a construção de outras tantas que talvez possam ser muito mais fortes e rígidas de contenção de um mundo diferente e distinto. Esse grande contraponto é uma das marcas desse nosso mundo globalizado e não sabemos dizer se o futuro será marcado pelas fronteiras rígidas ou a falta de fronteiras, pura e simplesmente, já que o nosso mundo globalizado se caracteriza também pela sua mudança constante.
Fronteira de Ponta Porã (MS) e Pedro Juan Caballero (PY): limites invisíveis - Foto Christian Rizzi.