Um financiamento do Sistema Único de Saúde (SUS) mais justo para as prefeituras deve nortear as pautas de debates e discussões das conferências de saúde em nível municipal, estadual e nacional. A afirmação é do prefeito Chico Brasileiro, em pronunciamento na abertura da XIV Conferência Municipal de Saúde de Foz do Iguaçu, na noite desta sexta-feira (24).
“Temos este grande problema no Brasil, com procedimento no SUS que tem mais de 20 anos que é o mesmo valor. Parece que é um país que não tem inflação”, ressaltou.
Na avaliação de Chico Brasileiro, garantir um serviço de saúde público de qualidade é dever de todo gestor, que deve buscar sempre o “fortalecimento” e os “avanços” necessários para cada vez melhorar mais o sistema. “Para os próximos anos, tenho certeza que esta conferência vai definir as diretrizes para que possamos ter esse aperfeiçoamento em Foz do Iguaçu. Vamos continuar nos unindo pelo melhor financiamento, porque não podemos nos iludir e achar que o SUS funcionará sem financiamento”, alertou.
Segundo ele, é preciso repensar e rediscutir nas conferências estadual e nacional o financiamento do SUS, “porque é impraticável que os municípios entrem com 30% ou 35% do seu orçamento, quando deveria ser 15% e temos tanto débito para transferência ao nosso sistema de saúde. Se tem uma bandeira que deveria unir todos nós, é esta”, ressaltou.
Em Foz do Iguaçu, a última Conferência de Saúde foi realizada há quatro anos. Desde então, foram realizadas pelo Comus e a Secretaria de Saúde, 56 pré-conferências em todas as regiões do município, resultando em 400 propostas da população, entidades e instituições. “Este é exatamente o momento em que a população demonstra seus anseios e traz as informações para que nos próximos anos tenhamos cada vez mais o aperfeiçoamento do SUS em nossa cidade”, disse o prefeito.
Construção constante
O SUS, segundo o prefeito, não está pronto, “temos que constantemente aperfeiçoá-lo”, reforçou Chico Brasileiro. Esse é o principal objetivo das conferências, que reúne Conselho Municipal de Saúde, prefeitura e os anseios da população.
O prefeito reconhece que foram muitas as conquistas em outras áreas, mas saúde pública igual do Brasil, não existe.“Tem suas dificuldades. Em Foz, por exemplo, recebemos recursos para atender 257 mil habitantes, só que temos 1 milhão de habitantes na nossa fronteira”, lembrou. Ele contou que no último sábado (18) visitou uma UPA (Unidade de Pronto Atendimento) e percebeu que metade dos carros estacionados no local tinha placas do Paraguai.
“Não é motivo para ficarmos falando que é culpa dos estrangeiros. Vivemos em uma fronteira e aprendemos o espírito da solidariedade, de irmandade, e por isso as portas do SUS estão abertas para aqueles que buscam nosso sistema de saúde”, afirmou. Chico Brasileiro lembrou que foi assim na pandemia da covid e está sendo agora, com a epidemia de dengue.
Saúde ao cidadão
Essa é a grandeza do SUS, um sistema que abraça e, com todas as dificuldades, entrega ao cidadão, afirmou o prefeito. “Nos períodos de pico da pandemia, vi gente querendo pagar caro por um leito de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) em qualquer parte do Brasil, mas era o SUS que tinha o leito de UTI”, recordou.
A XIV Conferência Municipal de Saúde, com o tema “Garantir Direitos e Defender o SUS (Sistema Único de Saúde), a Vida e a Democracia – Amanhã vai ser outro dia”, atende a lei 8142/1990 e prossegue neste sábado (25) no Recanto Cataratas Termas Resort & Convention na Avenida Costa e Silva, 3.500.
As atividades, organizadas em parceria pelo Comus e Secretaria de Saúde, foram abertas pelo presidente da Conferência e diretor presidente da Fundação Municipal de Saúde, André Buriasco.
O ato contou ainda com presença do presidente do Comus, Dilson Paulo Alves; dos secretários municipais Rose Meri da Rosa (Saúde) e Nilton Bobato (Administração); da diretora da 9ª Regional de Saúde, Ielita Santos da Silva; dos vereadores Márcio Rosa, Ney Patrício e Yasmin Hachem; da primeira-dama e ex-secretária de Saúde, Rosa Maria Jerônymo; do diretor presidente do Hospital Ministro Costa Cavalcanti, Fernando Cossa; e da coordenadora da conferência,+ Olga Regina Souza.