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Comunidade reage à proposta de extinguir Unila

Emenda de parlamentar paranaense transforma Unila em Universidade Federal do Oeste do Paraná

Uma campanha em defesa da Universidade Federal da Integração Latino-Americana – Unila teve início logo após o deputado federal Sérgio Souza (PMDB-PR) anunciar Emenda Aditiva à Medida Provisória 785 para mudar a identidade da instituição. A proposta de Souza é transformar a Unila em Universidade Federal do Oeste do Paraná - UFOPR, incorporando os campi de Toledo e Palotina, ambos da Universidade Federal do Paraná.

Em nota oficial, a UFPR se pronunciou contrária à proposta. No documento, assinado pela Superintendência de Comunicação, representantes da universidade dizem ter recebido a informação por terceiros e afirmam não terem sido consultados. “A Universidade Federal do Paraná vê com surpresa, consternação e indignação a ideia do deputado Sergio Souza, que, numa proposta que afeta a UNILA e amputa a UFPR, e sem qualquer ampliação efetiva do ensino superior, busca criar uma “nova” universidade no Oeste do Paraná”.

A reitoria da UNILA já havia anunciado repúdio à emenda. Conforme nota, a equipe da reitoria “posiciona-se enfaticamente pela supressão da referida Emenda Aditiva e está tomando as providências necessária para garantir a manutenção da lei de criação da UNILA em sua integridade e em defesa de sua identidade”.

Nas redes sociais, professores, estudantes e moradores de Foz do Iguaçu reagiram à proposta e saíram em defesa da Unila. As hastags #unilafica e #unilaresiste e um abaixo-assinado em favor da universidade circulam pelas redes sociais. Até o final da tarde de domingo, mais de 8 mil pessoas haviam aderido à petição. Mobilizados, os estudantes marcaram uma assembleia para as 14h desta segunda.

Os estudantes e professores argumentam que a proposta desmonta a identidade da UNILA que é a integração latino-americana e ataca a autonomia universitária. Em textos que circula nas redes sociais, estudantes informam que a universidade contribui com uma parcela de R$ 100 milhões ao ano para o PIB da cidade. Também enfatiza que o número de estudantes estrangeiros hoje não chega a 30% e vem caindo em razão do corte de subsídios por parte do governo federal desde 2015.

Criada em 12 de janeiro de 2010 no governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a Unila tem hoje 29 cursos de graduação, 8 mestrados e um doutorado interinstitucional. A universidade tem inúmeros projetos de extensão e pesquisa que beneficiam a região trinacional.

Unila vista aérea

Emenda

Representante da bancada do agronegócio, Souza propõe a emenda à Medida Provisória 785/2017, de sua autoria, que trata do Fundo de Financiamento Estudantil. Na página pessoal do Facebook, ele argumenta defender “uma universidade regional que tenha compromisso com os brasileiros e principalmente com as causas do Oeste do Paraná”. O post recebeu uma saraivada de críticas da comunidade acadêmica e moradores de Foz do Iguaçu.

A ideia do deputado é mudar a vocação da universidade, de integração latino-americana, para regional considerando a expansão econômica do Oeste do Paraná nos setores da agroindústria e turismo.

Os possíveis cursos que a nova universidade poderia oferecer já estão em funcionamento na própria Universidade Estadual do Oeste do Paraná - Unioeste, que tem campi regionais e cursos na área de turismo, administração, ciências econômicas, engenharia de pesca entre outros.

A emenda do deputado não é a única ameaça à Unila. Recentemente, o Tribunal de Contas da União - TCU estabeleceu um prazo de 90 dias, valendo desde o dia 6 de julho, para que a instituição tome um posicionamento em relação à edificação da sede. A obra, iniciada em 2011, está parada desde 2014 em razão da suspensão do serviço por parte do consórcio responsável. O TCU sinaliza que a UNILA tome providência junto a Itaipu e não descarta a suspensão do contrato no qual a binanacional doou o terreno à universidade para construção da sede.

 

Fotos Assessoria Unila