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Ameaçada de extinção, onça-pintada resiste

No Parque Nacional do Iguaçu, biólogos estimam que há uma população de 22 onças. Número já foi menor

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Onça no Parque Nacional do Iguaçu. Foto: Divulgação PNI

Denise Paro

Fotos Christian Rizzi e Divulgação PNI

Espécie ameaçada de extinção, a onça-pintada (Panthera onca) resiste no Brasil em meio às adversidades. Atualmente, cerca de 89 onças vivem no Parque Nacional do Iguaçu, lado brasileiro e argentino, e em outras unidades de conservação conectadas às duas reservas, em uma área de Mata Atlântica com cerca de 1 milhão de hectares.

No Parque Nacional do Iguaçu, estima-se que haja cerca de 22 onças. Em 2012, o número chegava a 12. Apesar de ainda ser considerada pequena, a população felina tem crescido desde 2014, segundo a bióloga que atua no Projeto Carnívoros do Iguaçu - voltado ao estudo populacional das onças-pintadas do Parque Nacional - Marina Xavier. “O número é pequeno e preocupante, mas é uma ponta de esperança”, diz.

Ela diz que um somatório de fatores tem contribuído para o aumento da população, incluindo o trabalho de educação ambiental e proteção realizado pelo parque.

Por outro lado, a pressão para o desaparecimento da espécie é grande. A falta de habitat é uma das causas. Para sobreviver em ambiente favorável, as onças necessitam de áreas grandes, com muitas presas, água e tocas, e precisam estar protegidas da caça. A espécie, além de ser alvo dos caçadores, sofre com o abate das próprias presas que são cutias, pacas e veados. Outro fator que ameaça os felinos é o genético. Quando a população é pequena, há empobrecimento genético e as onças ficam suscetíveis a doenças e ao desaparecimento, explica a bióloga.

No parque brasileiro, problemas antigos ainda são comuns. Em razão da fragilidade do ambiente onde vivem, alguns animais ainda deixam a unidade de conservação e acabam abatidos por atacarem criações domésticas. A situação, ressalta Marina, é frequente e para ser resolvida depende de inúmeros fatores. “Depende muito do manejo da paisagem integrada ao parque, do manejo das criações domésticas no entorno e da coibição da caça à base de presas das onças que ainda ocorre dentro do Parque”, diz.

Criação em refúgio é alternativa

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Nena e a bebê são onças melânicas. Fotos Christian Rizzi

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Mamãe e bebê onça poderão ser vistas pelos visitantes do Refúgio Biológico Bela Vista da Itaipu Binacional, a partir desta semana no recinto instalado no circuito turístico local. O filhote de onça-pintada de 3 meses ficará no resinto juntamente com a sua mãe.

Mamãe e bebê-onça. Foto Christian Rizzi

Uma das alternativas para garantir a sobrevivência da espécie é a criação em cativeiro. O Refúgio Biológico da Itaipu Binacional tem obtido sucesso neste tipo de trabalho. No dia 28 de dezembro do ano passado nasceu o primeiro filhote, após a chegada da primeira onça-pintada no recinto, há 14 anos.

O pai é Valente (onça-pintada), trazido da divisa de Mato Grosso do Sul com São Paulo há 7 anos. A mãe, Nena (onça-preta), vivia em um criadouro conservacionista na divisa do Mato Grosso com Goiás e chegou ao refúgio há 7 meses.

Nena deu à luz a duas fêmeas pretas (onças-pintadas melânicas), uma delas morreu. A que sobreviveu foi colocada no recinto do refúgio no dia 10 de abril e virou atração. Em breve, será batizada com um nome.

O médico veterinário Wanderlei de Moraes, da Divisão de Áreas Protegidas de Itaipu, explica que a onça-bebê ficará com a mãe até completar 1,5 ano. Após este período, o animal será encaminhado para outra unidade, enquanto o pai deve voltar a se acasalar com a mãe.

Eventualmente, o pai também será levado ao recinto, mas sem a presença do filhote e da mãe. Moraes explica normalmente o macho ataca os filhotes porque eles brigam por território.

Nem todo animal criado em cativeiro se adapta a natureza, por isso o ideal é a procriação no ambiente natural. “A população de cativeiro é uma ajuda, mas não é o ideal. Ideal é que a população de natureza esteja reproduzindo”, explica Moraes.

A prática de reprodução das onças em cativeiro ainda é pequena no Brasil. As onças vivem no máximo 25 anos, em cativeiro.

O Refúgio Biológico de Itaipu, em Foz do Iguaçu no Paraná, conseguiu a primeira reprodução de onças-pintadas em cativeiro desde que iniciou as tentativas, em 2002. Dois filhotes nasceram em dezembro. Alguns dias após o nascimento um dos filhotes morreu. A expectativa é que o filhote seja exposto para visitação a partir de março. Por enquanto, apenas o pai, Valente pode ser observado pelos visitantes do refúgio.

Valente, pai da bebê-onça do Refúgio Biológico. Foto Christian Rizzi