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Componentes de fibra ótica são nova onda do contrabando via Paraguai

Entrada ilegal das peças impacta mercado brasileiro de eletroeletrônicos

 

 

 

Denise Paro

Fotos e vídeo: Marcelo Arend

Componentes de fibra ótica usados por empresas provedoras de internet surgem como nova demanda do contrabando via Paraguai. A entrada ilegal das peças no Brasil e as fraudes feitas com notas fiscais equivalem hoje de 30% a 40% da movimentação do mercado interno. As estimativas são da P&D Brasil – Associação de empresas do setor eletroeletrônico de base tecnológica nacional.

O contrabando dos componentes começou há cerca de dois anos, diz o representante da P&D, Eduardo Candanedo. De lá para cá só tem crescido. “Antes o mercado era muito concentrado nas operadoras. A partir do momento em que começou a migrar para pequenos provedores começou a aparecer essa oportunidade”, afirma Candanedo.

Ele diz que o pequeno provedor, preocupado em atender cerca de 500 clientes, por exemplo, vai ao Paraguai, leva os equipamentos e fornece serviços sem certificação. Em razão da ilegalidade, muitos clientes de provedores devem estar usando aparelhos ilegais e contrabandeados sem saber, diz Candanedo.

O principal fornecedor das peças é uma empresa do Paraguai. Os contrabandistas adquirem a mercadoria e ingressam no Brasil. Por serem pequenas, as peças são fáceis de transportar. Em um porta malas de um carro é possível levar de R$ 100 a 150 mil em equipamentos. Até março deste ano, a Receita Federal - RF apreendeu US$ 4,4 milhões em produtos eletrônicos dos mais diversos tipos. O produto é o segundo com maior valor de apreensões, só perdendo para os cigarros cujo montante retido corresponde a US$ 21,7 milhões, de um total de US$ 33,1 milhões das mais diversas mercadorias retiradas de circulação pelos fiscais.

Para Candanedo, o contrabando causa impacto nas empresas brasileiras de eletroeletrônicos e coloca em risco a formação de engenheiros no Brasil. Hoje, a indústria eletroeletrônica brasileira gera cerca de 240 mil empregos diretos no país.

contrabando cigarros 4Cigarros – O contrabando de cigarros é o que ainda causa mais prejuízo ao país. O cigarro é o produto mais procurado pela rede da ilegalidade devido ao lucro que gera. Hoje, uma caixa de cigarro sai do Paraguai custando R$ 400,00. No Brasil, é comercializada de R$ 1,8 mil a 2 mil. Uma caixa corresponde a 50 pacotes do produto.

Todo cigarro aprendido na região de fronteira é triturado em uma máquina que fica no pátio da RF, em Foz do Iguaçu.

O presidente do Instituto de Desenvolvimento Econômico e Social de Fronteira – Idesf, Luciano Barros, diz que o combate ao contrabando de cigarros pode aumentar a arrecadação de IPI. “Se o governo federal combater apenas o mercado ilegal de cigarros é possível aumentar a arrecadação em até 35%, o que significa um incremento de até R$ 2 bilhões ao ano”, afirma Barros. Estimativas do Idesf indicam que em 2016 o contrabando gerou perdas de R$ 130 bilhões ao Brasil. O valor corresponde ao somado pelas perdas da indústria, sonegação de impostos e o aumento de gastos com segurança e saúde.

No dia 29 de março foi lançada na Delegacia da Receita Federal, em Foz do Iguaçu, a campanha “O Brasil que nós queremos” com intuito de combater o contrabando e gerar mais empregos, renda e arrecadação. No mesmo dia, um protocolo de intenções foi assinado entre o Ministério da Justiça, a Frente Parlamentar Mista de Combate ao Contrabando e à Falsificação e o Movimento Legal Brasileiro com a finalidade de unir forças no combate ao contrabando.

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Autoridades participam do lançamento da campanha "O Brasil que queremos"