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Cabelo ilegal abastece mercado brasileiro

Maços de cabelo natural trazidos do Paraguai são vendidos em salões de beleza brasileiros

Denise Paro

Foto Divulgação Receita Federal

Em carregamentos formiguinha, cabelos trazidos ilegalmente do Paraguai abastecem salões de beleza do Brasil. A mais recente apreensão foi registrada no último domingo. Por volta das 18h, fiscais da Receita Federal (RF) abordaram na Ponte da Amizade, ligação entre Ciudad del Este e Foz do Iguaçu, um mototaxista que transportava uma mochila com 25 quilos de cabelo avaliado em R$ 25 mil. O homem, de 25 anos, é indiano e foi autuado pela prática do descaminho – quando a mercadoria entra no Brasil sem o devido pagamento de impostos.

Auditora fiscal da RF, Giovana Longo diz que as apreensões de cabelo são corriqueiras e nos últimos anos ocorrem em pequenas quantidades. Geralmente, o cabelo é escondido em malas ou mochilas. A entrada do produto no Brasil não é proibida, no entanto é preciso respeitar a lei fiscal do país. No caso do indiano autuado, o valor da mercadoria ultrapassou a cota de US$ 300,00 e também configurou destinação comercial pela quantidade transportada. A maioria dos maços de cabelo são provenientes da Índia.

Em 2015, uma megaapreensão surpreendeu os fiscais. Um caminhão que passou pelo Porto Seco de Foz do Iguaçu transportava 800 quilos de cabelo. O proprietário foi autuado porque a nota fiscal do produto estava subfaturada. Os responsáveis declararam apenas 10% do valor.

A movimentação ilegal não se restringe a Foz do Iguaçu. No dia 24 de maio de 2015, fiscais da RF interceptaram 3 passageiros brasileiros no Aeroporto Internacional de Guarulhos (SP), que retornavam de Bangkok, na Tailândia, com 23 malas cheias de cabelo, totalizando 672 quilos. Eles levariam a mercadoria para a revenda em Ciudad del Este.

Especialista em Colorimetria (coloração de cabelos), Miriam Queiroz, de Foz do Iguaçu, explica que esse tipo de cabelo é utilizado em salões de beleza para fazer alongamentos ou megahair. Na Índia, conta, existe a prática de crianças serem batizadas e o cabelo cortado, o que estimula este tipo de comércio. Há também mulheres que deixam o próprio cabelo crescer para vender.

Doações – O cabelo retido pela RF é encaminhado ao depósito e posteriormente doado para entidades assistenciais e hospitais. Em agosto de 2015, um total de 249 quilos de cabelo foi entregue a um Banco de Perucas da Associação de Senhoras rotarianas de Umuarama. O cabelo é usado por mulheres com diagnóstico de câncer de mama e que passam por tratamento quimioterápico. O total do valor doado na época equivalia a R$ 380 mil. A doação está prevista em lei e atende uma função social. O Provopar de Foz do Iguaçu também recebeu 300 quilos de cabelo em 2015.